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Existe no Brasil uma “pequena África” que poucos conhecem: seu valor é inestimável

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Mario Tama/Getty Images

O Rio de Janeiro guarda um pedaço da História do Brasil que pouca gente conhece: a “pequena África”. Formada pelos bairros Saúde, Gamboa, Santo Cristo e parte do Centro, a área é um marco da herança do povo africano e um importantíssimo símbolo na narrativa dos negros escravizados.

É lá, por exemplo, que está o Cais do Valongo, o porto que mais recebeu negros escravizados das Américas no século 19.

Foi nessa região também que grandes nomes do samba e da arte se reuniam na casa da Tia Ciata, mulher negra fundamental na formação da identidade cultural na então capital do Brasil.

Por conta de seu valor inestimável em nossa identidade, a “pequena África” se tornou um roteiro turístico e de memória que reúne 18 pontos de visitação mapeados pelo projeto “Passados Presentes: Memória da Escravidão no Brasil” .

Pequena África tem importância histórica

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Mario Tama/Getty Images

“Pequena África” foi um termo criado pelo sambista Heitor dos Prazeres no início do século 20 para a área dos bairros Gamboa, Saúde e Santo Cristo que, após a abolição da escravatura, recebeu muitos negros baianos em busca de melhores condições de vida.

Tia Ciata

É nesse movimento, conhecido como diáspora baiana, que se destaca uma figura elementar para a cultura afrobrasileira: a partideira, mãe de santo e quituteira Tia Ciata.

Ela é considerada a matriarca do samba, pois promovia muitas rodas de samba e encontros de artistas no quintal de sua casa. Foi lá, aliás, que se gravou o primeiro samba do Brasil, Pelo Telefone, composto em 1916 por Donga.

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Mario Tama/Getty Images

Cais do Valongo: desembarque de milhões de escravos

Mas, se a "pequena África" era uma expressão que ressaltava a contribuição riquíssima que a comunidade negra daquela região trouxe para a cultural do País, entre o final do século 18 e a primeira metade do século 19, a realidade era muito diferente.

É que a Zona Portuária carioca foi a principal porta de entrada dos navios negreiros em um sistema que durou por mais de três séculos e até hoje se reflete na socidade brasileira.

Desta forma, também é importante conhecer e manter a memória dos locais históricos que refazem o caminho do tráfico negreiro, como o Cais do Valongo, o mercado de negros, o Quilombo da Pedra do Sal e o Cemitério dos Pretos Novos.

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Mario Tama/Getty Images

O Cais do Valongo, na Zona Portuária, é o principal símbolo da relação África-Brasil durante o período da escravidão.

Estima-se que 1,5 milhão de africanos escravizados desembarcou no século 19 no local que, em 1843, foi aterrado para receber a futura imperatriz Teresa Cristina, mulher de Dom Pedro II.

Hoje, o Cais do Valongo representa o único sítio arqueológico em referência ao horror da escravidão e foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Cemitério dos Pretos Novos

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Mario Tama/Getty Images

O Cemitério dos Pretos Novos, em Gamboa, conta uma história de dor que não pode ser esquecida. Negros que não resistiam a doenças e ao sofrimento da viagem da África até o Rio de Janeiro eram enterrados ali, em vala comum. Pretos Novos era como eram chamados os africanos recém-chegados na Pequena África.

Atualmente, o local abriga um memorial que pode ser visitado por turistas (foto acima). Na foto abaixo, é possível ver um esqueleto de aproximadamente 200 anos encontrado recentemente na área do Cemitério. Os arqueólogos acreditam que era uma mulher africana de 20 anos.

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Mario Tama/Getty Images

Quilombo Pedra do Sal: berço do samba e da religião

A Pedra do Sal é, ao mesmo tempo, considerada o berço do samba e um um marco em memória da religiosidade dos antepassados negros.

Ali, onde hoje acontecem rodas de samba, é uma área de moradia secular de escravizados, ex-escravizados, negros libertos, negros livres e, agora, de seus descendentes, segundo material do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o Incra.

Jardins suspensos do Valongo: casa de venda

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Mario Tama/Getty Images

O sobrado ao centro dos jardins suspensos do Valongo foi construído no início do século 19 e é a única casa de vendas de negros escravizados que permanece de pé.

Do alto da casa, é possível avistar a pequena África, inclusive, o Campo de Santana e a área referente à Praça Onze, demolida, onde se realizavam os desfiles dos cordões e das escolas de samba da cidade.

Mercado de negros: Largo da Prainha

Localizado no atual Largo de São Francisco da Prainha, o mercado de negros funcionava bem próximo à região da chegada dos navios, no Valongo.

História dos negros no Brasil


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